Serge Testa, pela audácia de seu projeto, é considerado um dos maiores aventureiros que viveram no século passado. Em 1984 embarcou sozinho da Austrália para dar a volta ao mundo em um veleiro, o Acrohc, de 3,5 m (12 pés), construído por ele próprio. Sua missão era dar a volta ao mundo. Conseguiu fazê-lo em 500 dias e entrou para o Guinness como a volta ao mundo na menor embarcação. Mesmo sendo um navegante pouco experiente, Serge soube, com muita garra e determinação, superar o desconforto de estar à bordo de um barco pequeno ao enfrentar ventos e ondas nos oceanos que atravessou. Segundo sua descrição, o Cabo da Boa Esperança ofereceu-lhe dificuldades inesquecíveis.
Serge partiu da Baia de Mossel em 20 de outubro de 1985, e no quarto dia se encontrava ao Sul do Cabo da Boa Esperança. Descreveu este dia como um dia no inferno. O vento soprava de sudoeste, e as ondas vinham de todas direções. Não eram de forma alguma moldadas pelo vento local. Faziam o que queriam, rebeldes, nem se importavam com o que o vento tentava dizer. Serge estimava que ondas de 5 metros estavam atingindo-o, mas quando um navio passou a poucos metros do Acrohc (a quem carinhosamente chamada de seu iate de 12 pés), pode avaliar que as ondas eram muito, mas muito mais altas. Deviam estar próximo a 10 m de altura. Faltaram ainda 40 milhas para chegar à Cidade do Cabo. O motor parou de vez, devido a ter ficado tanto tempo submerso. Velejando contra o vento, a 50 nós, mal conseguia manter a posição. Era a quarta noite seguida quase sem dormir, e o vento continuava a evoluir. Enquanto ventos de 70 nós inclinavam o Acrohc em 45 graus, Serge batalhava contra o sono e contra o vento. Depois de 6 horas de luta mal conseguia manter o veleiro em sua posição.
Depois soube que o vendaval foi dos mais fortes que a Cidade do Cabo viu no últimos anos. Causou danos espetaculares. Muitos iates foram arrancados de suas amarras, residências destelhadas, árvores e carros tombados. Também uma frota participando da Regata Whitbread ao redor do mundo, estava se aproximando da Cidade do Cabo nesta ocasião. Um chegou sem mastro, e vários outros foram danificados.
Mas se voce, leitor, insistir em repetir os feitos de Bartolomeu Dias e Serge Testa, escolha os meses de verão. Serge Testa o fez durante o verão, e pode contar que viveu um dia de inferno. Quem arriscar fazê-lo no inverno, talvez nem possa contar nada.
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