As embarcações mais antigas eram feitas de junco e asfaltadas, mas também se construíam barcos de madeira, quer a remos, quer à vela. Um sistema de cordas unia firmemente as tábuas da embarcação. A vela, inventada no Egipto, facilitou o transporte a longas distâncias e as trocas comerciais. Há muito que os barcos eram conhecidos quando foi usada pela primeira vez a força impulsionadora do vento. Muito antes das viagens de exploração marítima já se tinha desenvolvido a técnica de construção de barcos para navegação no alto mar. Desde o século XI que a evolução da tecnologia naval se tornou indispensável para o desenvolvimento do comércio.
Os habitantes das cidades portuárias foram pioneiros não apenas nas técnicas de construção e propulsão naval, mas também nos métodos de navegação. Verificaram-se avanços importantes nas técnicas navais: a tonelagem dos navios aumentou; elevou-se a capacidade de cargas; os lemes laterais foram substituídos por lemes de popa, mais resistentes e práticos de manejar; o velame passou a incluir a vela latina; o astrolábio e outros instrumentos para medir a inclinação das estrelas foram aperfeiçoados.
Na Grécia, a construção de barcos grandes e velozes desempenhou um papel importante no desenvolvimento da navegação, dos sectores de artesanato a ela ligados e dos contactos entre as diferentes regiões.
Tanto os árabes, como os indianos e sobretudo os chineses deram um grande impulso à qualidade da navegação. Os construtores navais indianos eram notáveis técnicos e os árabes recorreram por vezes a eles para construir os seus próprios barcos.
Os progressos na construção naval constituíram uma característica notável da tecnologia chinesa; navios de todos os tipos eram construídos ao longo dos rios e da costa. Os construtores navais chineses foram durante séculos os mais avançados do mundo. A sua tradição na navegação oceânica manteve-se durante mais de mil anos. Os barcos chineses providos de três a doze mastros usavam velas quadradas, mas eram movidos também a remos; enfrentavam os ventos e as vagas; a qualidade da orientação repousava sobre a bússola. Os estaleiros do governo chinês dedicavam-se à construção de vasos de guerra e de barcos transportadores de cereais, sendo as docas civis a construir navios comerciais e de recreio.
Face às características físicas das embarcações de transporte marítimo é útil focar as espécies das principais matérias-primas necessárias para pôr uma nau a navegar. Em primeiro lugar, um barco consumia uma avultada quantidade de toneladas de madeira. Além da madeira era necessário dispor de lonas para as velas e um conjunto de cabos grossos de cânhamo. Era também indispensável o ferro, sendo deste metal as âncoras, as roldanas, os pregos para unir as tábuas e outras peças. No fabrico duma nau entravam ainda pez, breu, resina, revestimentos de estopa para calafetar juntas. A construção de navios exigia a ampla participação de sectores de artesanato.
No século XV, os barcos de alto mar eram de dois tipos distintos: a galera a remos e as naus a velas. A galera servia tanto para barco de guerra como navio mercante. As galeaças, equipadas com remos e velas, serviram as cidades de Veneza e Génova, e mantiveram-se até ao século XVIII. Entretanto, portugueses e espanhóis construíram a caravela, nau de pequeno tamanho, largo, com popa elevada, munida de velas que permitiam navegar contra o vento, e equipada para as viagens através do oceano.
O avanço na técnica de construção naval e a elaboração de cartas náuticas com rigor e com direcções indicadas por bússolas permitiram viajar com confiança por amplas extensões de mar aberto. Conheceram-se cartas náuticas, de autores árabes dos séculos XIII e XIV, a descrever a costa africana. A introdução do leme vertical permitiu alargar a capacidade e carga dos navios, o que influiu na expansão do comércio externo. À bússola, já conhecida dos navegadores há vários séculos, juntou-se o telescópio e o cronómetro de bordo, rapidamente adaptados à navegação. As grandes descobertas geográficas do século XV foram possíveis devido à aplicação destes conhecimentos científicos, que melhoraram as condições de navegação. O uso das velas latinas triangulares tornou as caravelas adequadas para singrar contra o vento.
A formação dum corpo de profissionais aplicados apenas, e com permanência, à construção naval só se torna realidade à medida que se alarga a função da marinha mercante no tráfego oceânico. A técnica de construção naval envolvia arquitectos navais, carpinteiros e calafates especializados. A geometria desempenhou um papel significativo na determinação da forma dos navios, antes de se cortar a madeira.
No final do século XV, o arsenal de Veneza era um autêntico estaleiro naval onde se construíam e reparavam navios mercantes e de guerra. Uma instalação de construção naval, no seu apogeu, chegava a dar trabalho a 16 mil artífices, tornando-se uma das primeiras indústrias europeias.
Na Europa, século XVI, a necessidade de dispor de frotas para o transporte de mercadorias, proteger o comércio, para a defesa metropolitana e as conquistas ultramarinas, contribuiu para o desenvolvimento da construção naval.
Em Portugal, entre os séculos XV a XVII, verificou-se uma melhoria constante na evolução da construção das embarcações à medida que iam sendo enfrentadas as enormes dificuldades surgidas durante as numerosas viagens dos navegantes.
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Um comentário:
Excelente narração histórica a respeito do desenvolvimento da navegação marítima !
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